domingo, 19 de fevereiro de 2017

Coragem ...



Deliciosa leitura... relax... sem culpa... sem ressentimentos... 'O que a vida quer da gente é coragem' ...

O SORVETE,

 por Danuza Leão
Não há nada que me deixe mais frustrada do que pedir sorvete de sobremesa, contar os minutos até ele chegar e aí ver o garçom colocar na minha frente uma bolinha minúscula do meu sorvete preferido.
Uma só....
Quanto mais sofisticado o restaurante, menor a porção da sobremesa.
Aí a vontade que dá é de passar numa loja de conveniência, comprar um litro de sorvete bem cremoso e saborear em casa com direito a repetir quantas vezes a gente quiser, sem pensar em calorias, boas maneiras ou moderação.O sorvete é só um exemplo do que tem sido nosso cotidiano.A vida anda cheia de meias porções, de prazeres meia-boca, de aventuras pela metade.A gente sai pra jantar, mas come pouco.Vai à festa de casamento, mas resiste aos bombons.Conquista a chamada liberdade sexual, mas tem que fingir que é difícil(a imensa maioria das mulheres continua com pavor de ser rotulada de 'fácil').Adora tomar um banho demorado, mas se contém para não desperdiçar os recursos do planeta.Quer beijar aquele cara 20 anos mais novo, mas tem medo de fazer papel ridículo.Tem vontade de ficar em casa vendo um DVD,esparramada no sofá,mas se obriga a ir malhar.E por aí vai.Tantos deveres, tanta preocupação em 'acertar',tanto empenho em passar na vida sem pegar recuperação...Aí a vida vai ficando sem tempero, politicamente correta e existencialmente sem-graça, enquanto a gente vai ficando melancolicamente sem tesão...Às vezes dá vontade de fazer tudo 'errado'.Deixar de lado a régua,o compasso,a bússola,a balançae os 10 mandamentos.Ser ridícula, inadequada, incoerente e não estar nem aí pro que dizem e o que pensam a nosso respeito. Recusar prazeres incompletos e meias porções.Até Santo Agostinho, que foi santo, uma vez se rebelou e disse uma frase mais ou menos assim:'Deus, dai-me continência e castidade, mas não agora'...Nós, que não aspiramos à santidade e estamos aqui de passagem, podemos (devemos?) desejarvárias bolas de sorvete,bombons de muitos sabores, vários beijos bem dados, a água batendo sem pressa no corpo,o coração saciado.Um dia a gente cria juízo.Um dia.Não tem que ser agora.Por isso, garçom, por favor, me traga:cinco bolas de sorvete de chocolate,um sofá pra eu ver 10 episódios do 'Law and Order', uma caixa de trufas bem maciasOuvir o Roberto cantar “detalhes” bem baixinho no meu ouvido e o Richard Gere, nu, embrulhado para presente.OK?Não necessariamente nessa ordem.Depois a gente vê como é que faz para consertar o estrago . . .Ai que delicia, hoje comi sobremesa: pudim e mousse de chocolate com cachaça!Sem arrependimentos ou culpas!A vida é curta...

domingo, 29 de janeiro de 2017

Para o Frei Betto


 Acabei de assistir a série da Netflix sobre  a belíssima história da poeta  Juana Inés. Por gentileza  alguém peça ao Frei Betto para ver e nos presentear  com o seu olhar , com sua leitura. 



Aproveitando minhas férias , me  envolvi, interagi, mergulhei, fiquei arrasada e dilacerada principalmente no momento que alguém 'rasga' a nossa alma (no caso a da Juana)  .





O último livro do Frei Betto que eu tive a oportunidade de ler foi 'Fome de Deus' daí curtindo essa série consegui viver esse triângulo amoroso-poético: Eu, o livro e a série. 


Fica aí minha necessidade  do olhar  do Frei Betto  pois teve um momento na série que eu escutei o frei Betto na fala da Juana Inés quando ela diz: "Devemos falar com Deus o tempo suficiente para poder escutá-lo" e  "Não há prisão para a alma"

Portanto Frei Betto ficaria muito feliz se o Senhor dividisse seu 'olhar' comigo. No mais , PAZ E BEM !



domingo, 22 de janeiro de 2017

Feijão no algodão




Ultimamente tenho encontrado muito com as amigas Nancy Rebolças e Cristiane Sarmento as duas são biólogas super competentes e humanas . Todos os  dias elas me enviam  fotos pelo whatsapp  das 'crias', dos seu 'bebes' das suas 'crianças' entendam que esses seres são  as samambaias, hortas e plantinhas  que elas cultivam em suas casas . 

Outro dia  passei um áudio no nosso grupo (que é só nós três) e desabafei : Gente, estou fora da casinha aqui, preciso criar alguma coisa nem que seja um feijão no algodão...

Sexta passada  encontramos nos três pra um choppinho e a Cris resolveu levar a sério meu comentário  e solta um "... Ôooooo Carminha, planta mesmo um feijão no algodão  vai ser bom pra você começar a interagir com as plantas e o verde , vale a pena  tentar observar ..."

Como eu sou 'poeta' não bióloga, a fala da Cris pesou muito  pra mim ... pensei ...  talvez está na hora de  eu plantar  algo, voltar a escrever e publicar aqui , observar  a vida, saber esperar, dar um novo olhar e colocar o meu olhar na minha criação...

A foto acima mostra eu e meu feijão com um toque de glamour e com cara de Carminha  ... É a única taça nesse modelo que  me resta e eu não gosto de nada sozinho  então dei um feijão, um algodão e meu carinho . Agora é aguardar, respirar, deixar rolar e aproveitar...

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Fêr ... sente ... Presente




Fêr ...sente...



Reencontro

                                                                                                               Fernando César 



Olha  que doçura de presente que ganhei do Fernando César. 

Re-Mágico ... Re-Lindo... Re-doce...  Re-Fernando ... Re-alegre... Re-risadas ...


Reencontro , é  um presente que Fernando me oferece ao retornar pra minha vida.  


Estou feliz por demais !!!  Esse poema  veio confirmar  que  nossa ausência nunca foi uma lacuna. Ahhh  e que continuamos na mesma casinha. GRATIDÃO!!!


















domingo, 4 de outubro de 2015

Para São Francisco

Meu São Francisco,

Me ensina  a ser instrumento de paz e harmonia.

me ensina a amar,
                  a perdoar,
                  a unir,
                  a ter fé,
                  a falar a verdade e a ter paciência com quem ainda não consegue conviver com a mesma.

Me ensina a ter esperança, alegria, a ser e ter luz.

Me ajude a ser simples, humilde, solidária e afetuosa.

Me ajude a amar e continuar amando mesmo sabendo que o amor as vezes machuca.

Me faça e me ensine a fazer o outro feliz.


                                            GRATIDÃO


sábado, 7 de fevereiro de 2015

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Dia dos irmãos...

 Sem  palavras para  a data, recorro a Carpinejar ...


Pedido de  desculpas  aos  meus irmãos

Eu convivia com meus primos até o Natal de 80.

O pai brigou com seus irmãos e deixamos de visitar a casa dos avós e de participar das festas da virada com toda a família.

Foi um desaparecimento sem explicação. Sempre brincava com meus oito primos, paramos de nos ver de repente por imposição e diferenças dos adultos.

Nem desconfio qual o motivo do desentendimento entre os tios e as tias. Sei que sobrou para as crianças, que cresceram separadas e longe do casario amarelo da Corte Real.

Herdamos o desterro. Não tenho nem ideia de como meus cúmplices de sangue e peraltice se encontram e como enfrentaram a maturidade.

Quanta diversão desperdiçada! Quanta algazarra sufocada no pulmão! Quantas vidraças intactas porque não jogamos mais bola na rua!

Perdi meus melhores momentos de férias, que eram roubar pingente do lustre da sala, deslizar de meias, espiar revistas com mulheres seminuas, beber cerveja escondido.

Sumimos da vista e da vizinhança, apartados do contato.

Não quero repetir a tragédia. Mas estou fazendo igual ao meu pai.

Briguei com dois irmãos, Carla e Rodrigo.

Meus filhos Vicente e Mariana raramente falam com seus primos João Pedro, Giovanna e Francisco.

Não proíbo nada, mas não ajudo, o que dá no mesmo. Penalizo as crianças de frequentar os corredores do sobrenome.

O boicote é carregado de desculpas menores, finjo que estou certo, invento razões e me adio em mentiras.

Como estamos de mal, não visito os manos, sequer dividimos espaços em comum. É uma Guerra Fria, na qual o silêncio se bandeou para arrogância.

O tempo vem passando, e já faz dois anos sem aparecer nos aniversários, sem telefonar, sem atualizar o rosto, comemorar os sucessos, amparar as tristezas.

Moramos em Porto Alegre com um fosso interminável de ressentimento entre nossas casas.

Sou um penetra na vida deles, e eles são desconhecidos em minha vida.

Não visitei ainda Francisco, bebê recém-nascido do Rodrigo. Carla me atende, mas seu marido me odeia.

Que falta dos mais velhos nos obrigando as pazes. Hoje é complicado qualquer passo em direção ao riso.

Não pretendo ter mais razão. Prefiro transformar o orgulho em amor.

Peço desculpas aos dois publicamente. Tenho saudade de nossos churrascos, dos abraços gritados, dos conselhos sussurrados, de me emocionar à toa. E de trapacear no jogo de ludo.

Peço desculpas. Eu errei.

Nossa mãe, Maria Elisa, não suporta a gente distante.

– Não desejo morrer com vocês brigados. Não eduquei minha gurizada ao ressentimento.

Por favor, meu presente de Natal é comemorar com vocês. Prometo que empresto minha bicicleta amarela.





Publicado no jornal Zero Hora
Coluna semanal, p. 2, 11/12/2012
Porto Alegre (RS), Edição N° 17280